O tema da vida ética (boa) aparece na palestra de Janine Ribeiro como um paradoxo em relação à vida feliz. É necessário, contudo, que desde já se classifiquem essas categorias enquanto filosóficas. Por vida boa, o filósofo palestrante entende a vida levada eticamente. Já a vida feliz, ele a concebe como uma interpretação da realidade em vista apenas dos prazeres, sejam hedonistas ou não. A diferenciação de uma e de outra está no esforço requerido para a manutenção da primeira e na leveza da segunda e na forma como ambas se apresentam em relação aos demais indivíduos.
Contudo, o filósofo quer propor ao fim da sua apresentação que os dois caminhos podem se cruzar em algum lugar. Relembrando Édipo, na mitologia grega, sugere a moderação, a vida sem excessos, que poderia contemplar as consciências éticas e conduzir as realidades felizes.
A introdução do elemento psicológico é fundante na reflexão acerca da vida ética. Pois é na dimensão psicológica que ocorre o juízo do certo e do errado. Em decorrência disso, a aplicação da ética se resume na observação do código de ética estabelecido, não pelo comprometimento com a justiça, e por medo das punições psicossociais que estão ao seu redor.
Nessa perspectiva, a vida boa, que se pauta no bem, poderá, com a observação psicológica, pautar-se na redução ao mínimo do sofrimento pessoal e na capacidade – e até mesmo no esforço – para lidar com os problemas de cada dia, o que em escala levará a boa vida social.
Extremo e verdade, levantados como formas de experiência, também são importantes. O extremo sempre levará à falta da verdade. O conhecimento pessoal fica velado diante dos sentimentos de culpa. O conhecimento de si, ou seja, a maior verdade, não chega à consciência do individuo, que se autorreprime. As desculpas, que surgem como consolo, não convencem e por isso não satisfazem a seus próprios mentores.
A grande questão parece ser saber se é possível um crescimento pessoal ético que não passe necessariamente por um crescimento psicológico. Seria possível uma vida boa, no viés ético, que não fosse fruto de um conhecimento e domínio de si? E a vida boa, no viés da felicidade, não poderia perfeitamente dialogar com a vida boa de nível ético? Essas relações estão não somente em discussão na atualidade, mas são também experimentadas no dia-a-dia pelos indivíduos. Patamares alcançados de tolerância e de pluralização de valores seriam as mais perfeitas provas de que o homem caminha consciente de si, rumo à pluralidade.
Trabalho apresentado a disciplina Etica II - professor Edmar Martins