quinta-feira, 17 de junho de 2010

Vocabulário básico de filosofia da religião


1 – De quando vem a filosofia da religião? Quando surgiu?
Embora Deus seja um problema de pensamento já desde a antiguidade grega, tratar-se de filosofia da religião como disciplina própria é recente. Em seu limiar são fundamentais: a filosofia de Kant, o idealismo alemão, as obras do cardeal Newman e de Blondel, a filosofia dialógica de Ebner e Buder, a fenomenologia de Husserl e Scheler e a filosofia da existência de Marcel, Heidegger e Jaspers. Hoje tem ainda suporte em Romano Guardini, Maritain, K. Rahner, Welte e outros.
2 – O que é idealismo?
Toda e qualquer doutrina segundo a qual o mais fundamental e aquilo pelo qual se supõe que as humanas devem ser conduzidas são os ideias –realizáveis ou não, mas quase sempre imagináveis como realizáveis. Contrapõe-se ao realismo. Kant – figura central no idealismo – cria uma espécie de idealismo transcendental que consiste em enfatizar a função do “colocado” no conhecimento. Distingue-se do que o próprio Kant chama de idealismo material por não ser incompatível com o realismo empírico e conseguir até achar uma justificativa para esse.
3 – Filosofia dialógica (F. Ebner – M. Buber)
Filosofia baseada na relação entre um Tu e um Eu. Em Buber é respaldada na relação exemplar de Moisés com Deus, numa face-a-face que inaugura e fundamenta o diálogo. Pensa Deus como uma interligação dual e relação dialógica. O diálogo autentico não é a simples troca discursiva e dialética, mas uma verdadeira tomada de conhecimento íntimo um do outro que se dá no acontecimento fatídico (palavra recebida/ palavra dada).
4 – Fenomenologia (Husserl)
É simultaneamente um método e uma maneira de ver que se encontram estreitamente relacionados. O método se constitui após a depuração do psicologismo – reconsiderar todos os conteúdos da consciência – que é a maneira de ver, possibilitada pelo método. A fenomenologia possibilita discutir a questão do conhecimento e da existência, oferecendo recursos específicos no estudo do fenômeno religioso e na construção do discurso teológico.
5 – Ente
(Houaiss) O que existe ou se supõe existir.
(Abbagnano) O que é, em qualquer dos significados existenciais de ser. Às vezes, mas raramente, essa palavra é usada para designar somente Deus: é o que faz Gioberti, em sua fórmula ideal: "o Ente cria o existente": onde "Ente" equivale a Deus, como ser necessário, e "existente" equivale às coisas criadas. Habitualmente essa palavra é usada em sentido mais geral. Diz Heidegger: "Chamamos de Ente muitas coisas, em sentidos diferentes. E. é tudo aquilo de que falamos, aquilo a que, de um modo ou de outro, nos referimos; Ente é também o que e como nós mesmos somos".
6 – Ontológico
Ontologia é a parte da metafísica que estuda o ser enquanto ser, como noção universal. Ontológico é o argumento que prova a existência de Deus.
7 – Fáctico
8 – Antropologia filosófica =/= antropologia teológica
A Antropologia filosófica se propõe a encontrar o centro conceptual que venha a constituir o discurso filosófico sobre o ser do homem ou constituam a Antropologia como ontologia. (Estabelecer diferenciação)
9 – Evanescente
Que se esvai, esvaece ou efêmero, perder as forças, fazer passar; fazer desaparecer; dissipar; aquilo que se dissipa.
10 – Acidental
(Acidente) Uma determinação ou qualidade casual ou fortuita que pode pertencer ou não a determinado sujeito, sendo completamente estranha à essência necessária (ou substância) deste; é o que pode pertencer e não pertencer a um só e mesmo objeto (Aristóteles); uma determinação ou qualidade que, embora não pertencendo à essência necessária (ou substância) de determinado sujeito e estando, portanto, fora de sua definição, está vinculada à sua essência e deriva necessariamente da sua definição; uma determinação ou qualidade qualquer de um sujeito, que pertença ou não à sua essência necessária.
11 – Tutela
Amparo, proteção exercida a alguém ou algo mais frágil. Dependência de alguém ou algo mais poderoso.
Tradição
Herança cultural, transmissão de crenças ou técnicas de uma geração para outra. No domínio da filosofia, o recurso à Tradição implica o reconhecimento da verdade da Tradição, desse ponto de vista, se torna garantia de verdade e, às vezes, a única garantia possível. J. G. Herder: "cadeia sagrada que liga os homens ao passado, conserva e transmite tudo que foi feito pelos que os precederam".
No campo da sociologia, é o mesmo que analisar determinada atitude, ou melhor, um tipo e espécie de atitude, mais precisamente a que consiste na aquisição inconsciente (não deliberada) de crenças e técnicas.
12 – Hominizado (mundo hominizado – mundo secularizado)
(HOMINIZAR) ANTROPOLOGIA: evolução física e intelectual do homem desde a sua fase primitiva até ao estádio de desenvolvimento atual.
13 – Ciência
Conjunto de conhecimentos sistematizados relativos a um determinado objeto de estudo. Conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida, uma garantia da própria validade. Segundo o conceito tradicional, a Ciência inclui garantia absoluta de validade, sendo, portanto, como conhecimento, o grau máximo da certeza. O oposto da Ciência é a opinião.
14 – Técnica
Conjunto de processos baseados em conhecimentos científicos, e não empíricos, utilizados para obter certo resultado; conjunto dos processos de uma arte, de um ofício ou de uma ciência; ciência aplicada, especialmente no campo industrial; (geral) conjunto de processos utilizados para obter certo resultado; conhecimento prático.
15 – Suposto
Alegado ou admitido por hipótese, hipotético, fictício, imaginário; coisa admitida como possível ou provável; conjectura, hipótese.
(Metafísica) Aquilo que subsiste por si; substância.
16 – Metafísica
Estudo sistemático dos fundamentos da realidade e do conhecimento. Ciência primeira, por ter como objeto o objeto de todas as outras ciências, e como princípio um princípio que condiciona a validade de todos os outros. Por essa pretensão de prioridade (que a define), a M. pressupõe uma situação cultural determinada, em que o saber já se organizou e dividiu em diversas ciências, relativamente independentes e capazes de exigir a determinação de suas inter-relações e sua integração com base num fundamento comum.
17 – Desmitologização
A desmitologização é uma necessidade para a vivência religiosa moderna. Contudo, deve ser empreendida de modo ponderado, a fim de se buscar, por detrás da narração mitológica de caráter cosmogônico, o seu autêntico significado existencial. Aquilo que nos mitos ocorre no espaço e no tempo, não é outra coisa do que a expressão da vivência profunda do ser humano em suas camadas mais profundas e do sentido último de sua existência. Ponderemos ingenuamente sobre o mito. Exercitando-nos dessa forma, vamos compreendendo o psiquismo humano e descobrindo os verdadeiros matizes de uma vivência religiosamente profunda.
18 – Método histórico-crítico das ciências
O Método Histórico Crítico é fruto do iluminismo, que gerou o liberalismo teológico e a ciência foi colocada acima da Escritura. Por tanto os conceitos e descobertas arqueológicas, passaram a ter mais credito do que as Escrituras. Por tanto a ausência de provas e de lógica racional, fez com que certas coisas foram tidas como Mitos, sagas, lendas poesias etc. O Método-Histórico Crítico rejeita o pressuposto sobrenatural e prima por separar a história real de uma "história da salvação" (que seria a fé Cristã). Essa "história da salvação" não é a Historia, mas uma forma de simbólica, metafórica de falar da salvação da humanidade. O interessante é que o Leonei é Católico. Se ele adotar esse método ele não poderá crer na virgindade perpétua de Maria, pois geralmente quem adota esse método, não crê no nascimento virginal, ressurreição etc.
19 – Concepções míticas
Criação mental baseada no mito. Interpretação primitiva e ingênua do mundo e de sua origem. Coisa inacreditável.
20 – Romântica – Feurbach
Um romântico, se é romântico por conversão epistemológica, se lhe valem os pressupostos hermenêuticos, bio-psicológicos, do assombro humano e da condição histórica, então ele sabe que jaz homem (ou mulher) intra-histórico. Não é que os primeiros gigantes, canônicos, deem um passo atrás, e outros gigantes, Kant (o primeiro), Schopenhauer, Feuerbach, Nietzsche, dêem um passo à frente, e ele, romântico, abandone os primeiros, para pôr-se sobre os ombros dos segundos, impiedosamente. Absolutamente. Os primeiros podem ficar, se o romântico quer (este, por exemplo, o quer – este sou eu -, e o quer, porque quer, porque não se vê outra razão para o querer, senão o querer querê-lo). O que ocorre, é que, agora, aqueles primeiros gigantes só podem ser considerados, pondo-se, o romântico, sob os ombros dos novos gigantes. É com os olhos desses novos heróis que os velhos ancestrais serão relidos, reinterpretados, reconsiderados. Ouvir de Gênesis a Apocalipse, tudo bem, mas também todos os deuterocanônicos, e todos os apócrifos, e tudo mais, e isso desde cima dos ombros dos novos gigantes. Porque o que antes se dizia saber deles, dizia-se por estar sobre os ombros do gigante Platão. Enxotado pelos românticos, é, agora, sobre os ombros deles que o romântico lê as Escrituras.
21 – Proletariado
É o trabalhador urbano ou rural que não é detentor dos meios de produção e tem como única mercadoria de venda sua força de trabalho. Esta definição era mais simples nos tempos de Marx do que hoje. É o conjunto de trabalhadores que necessitam vender a sua força-de-trabalho a um empresário capitalista. O proletariado é a classe trabalhadora urbana basicamente formada de operários, operadores repetitivos de máquinas, surgidas na Revolução Industrial.
22 – Práxis
A práxis, entendida como transformação objetiva do processo social, isto é, transformação das relações entre homem-natureza (práxis produtiva) e homem-homem (práxis revolucionária), é o fundamento do conhecimento, o critério da verdade e a finalidade da teoria. Isto não quer dizer que a teoria só serve para a prática, como pensa o pragmatismo com sua concepção utilitarista, porque a relação entre teoria e prática é uma relação de unidade dialética em que a teoria não se reduz a prática, mas a complementa e também a faz avançar, tendo como limite sempre a sua realização através da ação humana. Deve-se logo observar que quando se fala em “filosofia da práxis” estamos nos referindo ao pensamento mais peculiar engendrado pelo marxismo. Gramsci deixa claro que os “fundadores da filosofia da práxis” são Marx, Engels e Lenin e, em continuidade com o pensamento por eles inaugurado, procura, principalmente nos, aprofundar e conferir novos desdobramentos à filosofia marxista. A locução “filosofia da práxis” nos Cadernos do cárcere vai gradativamente substituindo a expressão “materialismo histórico”, ainda utilizada para designar o marxismo nas três séries de “Anotações de filosofia”
23 – Crise (Origem do termo)
Krisis segundo os gregos essa palavra tem como significado o estado das situações e ações quando em mudanças, sendo essas para melhores ou piores, ou seja estar em crise é quando as coisas estão mudando de forma que não mudaram ainda mas também não estão como antes e com o passar da crise se saberá se mudou para melhor ou mudou para pior, crise no latim (crisis) também pode significar ruptura, término, separação. A crise estoura de tempos em tempos para permitir que a vida continue vida e se possa desenvolver. Ela não é, portanto, um sintoma de doença, mas de saúde. Não é algo a ser deplorado, mas a ser explorado. Tudo depende de como enfrentamos a crise.
24 – Filosofia transcendental
A transcendência é um termo que na Filosofia pode conduzir a três diferentes, porém relacionados, significados, todos eles originaram-se da raiz latina "ascender" ou indo além, sendo, um significado originado na filosofia antiga, outra na filosofia medieval, e a última na filosofia moderna. O primeiro significado, como parte do seu conceito irmão transcendência/imanência, foi usado primeiramente para se referir a relação de Deus com o mundo e de particular importância na teologia. Neste caso transcendente significa que Deus está completamente além dos limites do mundo, em contraste com a noção de que o mundo é a manifestação de Deus. O Segundo significado, que se vêm da filosofia Medieval, defende como transcendental estar tão próximo que cai dentro das categorias de Aristóteles que foram usados para organizar conceitualmente o conceito de realidade. Os exemplos básicos de transcendental estão presentes (insígnia) nas características, designadas transcendentais, de unidade, verdade, e bondade. Para Kant isto significa conhecimento sobre a nossa faculdade cognitiva com respeito de como os objetos são possíveis a priori. Na fenomenologia, o "transcendente" é aquilo que transcende a nossa própria consciência - qual é objetos mais que apenas fenômeno da consciência. Na linguagem do cotidiano, "transcendência" significa "ir além", e "autotranscender" significa ir além da forma a priori ou estado do si. Experiências místicas são um estado particular de auto- transcendência, no qual a sensação de um si separado.
25 – Filosofia Existencial
O existencialismo é uma corrente filosófica e literária que destaca a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade do ser humano. O existencialismo considera cada homem como um ser único que é mestre dos seus atos e do seu destino. O existencialismo afirma o primado da existência sobre a essência, segundo a célebre definição do filósofo francês Jean-Paul Sartre
26 – Filosofia Personalista
Admitem-se como personalistas, em geral, as doutrinas que situam a pessoa como centro da concepção do mundo e da vida, opondo-a como unidade autônoma e inconfundível diante da natureza e das coisas. Personalismo, na acepção mais antiga, significa a crença num Deus pessoal, transcendente ao mundo, em oposição ao panteísmo, que o confunde com o mundo.
27 – Apologia
Discurso ou escrito para justificar ou defender alguém ou alguma coisa.
28 – Dedução
Raciocínio imediato; processo discursivo que passa do geral para o particular; é a derivação do concreto a partir do abstrato.
29 – Indução
Raciocínio que vai do particular para o geral, indo dos efeitos a causa.
Cláudio Geraldo
Dione Leandro
Elias Gonçalves